terça-feira, 18 de novembro de 2008

Concordar, discordando...

Ainda a propósito do campeonato italiano e bem assim, da tese defendida pelo Xôr Quinito, indubitável cátedra do futebol, Mourinho diz hoje num periódico italiano reproduzido no jornal OJogo , o seguinte: "O futebol italiano é difícil e exige uma grande preparação da parte do treinador. Contra o Génova [0-0], mudei três a quatro vezes a fórmula táctica e, de todas as vezes, o adversário adaptou-se. Para mim, enquanto treinador, é um espectáculo fantástico". Mais disse que, não obstante esta característica aliciante, o calcio é um produto que não vende além fronteiras. E não vende, digo eu, porque representa a elite do futebol, a suprema qualidade táctica, em última análise, a perfeição na execução de alguns dos princípios do futebol, nomeadamente a defesa e o contra ataque. E nem todos estão ao alcance de o entender. Certo é que, na minha opinião, isto só não chega. No contraponto temos o campeonato inglês, espectacularmente efusivo, apimentado por uma imprensa cega e por um público igualmente invisual e muito barulhento. Mau futebol, correria incontida, sucessão de passes falhados pela pressão histérica da equipa adversária, golos por demasiadas vezes ridículos. Ora, que melhores ingredientes podíamos ter para agradar a quem nada percebe de futebol, mas gosta de ver "os chulos" a correr, a dar e levar grandes frutas e a fazer golos em catadupa? O futebol inglês vende, porque é do povo, inconsequente, incorrecto, indisciplinado, mas cheio de espectáculo. O futebol, como a vida, deve propor-se a um equilíbrio das suas virtudes e deficiências. Num ponto o calcio, excessivamente rígido, no outro a premier league, excessivamente livre. Lembremo-nos que de todos os mundiais até agora disputados a equipa mais célebre de sempre é o Brasil de 1982. Porque conjugava tudo o que o futebol tem de bom, pese embora tenha caido aos pés do pragmatismo italiano. Da conjugação destas duas forças teríamos o futebol ideal. Em termos de campeonato, o ideal, o meio termo, continua a ser, a meu ver, La Liga. Um abraço.

2 comentários:

QUINITO disse...

Caríssimo: acho que tem toda a razão. No fundo, estamos a dizer o mesmo, embora de lugares diferentes. Abraço.

Dinis "Sandokan" disse...

Chefe, concordo consigo a 100%. Mas não seja tímido, que esta vista já não é a de um jovem de 28 aninhos. Escreva com letra decente. Abraço!