quinta-feira, 24 de abril de 2008

Futebol...

Quem assistiu à primeira eliminatória da liga dos campeões percebe o que Valdano pensa quando diz que o futebol está preso. Preso em sistemas tácticos, em linhas de passe fechadas, em controles de jogo, em modelos de pressão, em autênticas barricadas à frente da área, em povoamento de sectores, em posiciamento em função dos adversários, enfim, as exigências do futebol moderno são paradoxalmente as espadas com que este realiza o seu harakiri. Benitez, esse louco das estatísticas, dos números, do controle do jogo, constantemente obstinado pela redução do erro, está na corda bamba por razões obvias. Actualmente o Liverpool é uma das equipas que pratica o pior futebol da europa. Atrevo-me a dizer que se não fosse Torres hoje o Liverpool estaria - como o Valencia - a fazer contas a despromoção - independentemente do grande mérito de Benitez em anos anteriores. Avram Grant dá a ideia de chegar ao balneário e perguntar aos jogadores como e que eles acham que devem jogar. Alias, percebe-se que se tenha trocado Mourinho por um Israelita, não fosse Jerusalem uma meca de grandes jogadores e treinadores de futebol. Rijkaard está a acabar um ciclo e o desgaste é evidente. A meu ver, sai pela porta grande não obstante o previsível fracasso na presente época. Fergusson, provavelmente ficará como um dos melhores treinadores de sempre. Ainda assim, ontem cedeu aos cânones do futebol actual. O Manchester United, actualmente a melhor equipa a praticar futebol jogou ontem em Nou Camp em função do Barcelona, à espera do erro, encolhida. Provavelmente passará e o que conta é mesmo isso. Todavia tal como Valdano considero que o futebol pode e deve ser um espectáculo, cuja vitória pode e deve ser um resultado desse mesmo espectáculo de bom futebol. Estas meias finais desapontaram os adeptos, desapontaram o futebol. Espero em ansiedade o regresso do improviso e do futebol espectáculo. Um abraço.

4 comentários:

QUINITO disse...

Tem toda a razão, caro Mogrovejo. Parece-me, no entanto, que os seus justificados anseios vão demorar a serem cumpridos. No entanto, não partilho inteiramente a sua desilusão. A radiografoa que traça das equipas e dos treinadores é justa, e inteligente. Mas apesar disso, a mim parece-me que até certo ponto aquilo que acontece é inevitável. Em campeonatos do mundo, no euro, na champions... As fases de grupo são sempre muito mais aliciantes e espectaculares. A eliminar... Estão demasiadas coisas em jogo. É pena que isso leve a que o futebol jogado seja mecânico e previsível. Mas talvez não haja mesmo nada a fazer contra isso. Abraço.

mimicoli disse...

Belo post carissimo Mogrovejo mas parece-me q o xôr Quinito tem toda a razao!
Hoje em dia tem de se ter dinheiro para pagar aos jogadores que nos brilham com maravilhas.Esse dinheiro ja nao vem so das receitas e dos patrocinadores;ja têm de vir tambem(dada a exurbitancia dos ordenados e premios)de conquistas de taças internacionais pois sao,sem duvida alguma,as mais rentaveis financeiramente.E la está:"...talvez nao haja mesmo nada a fazer contra isso."
Aquele abraço...os xôres ja sabem aonde...

Mogrovejo disse...

Tudo isso e verdadeiro, mas sao os grandes jogos que nos fazem gostar de futebol e sao esses que relembramos. Se fizermos um exercicio de calculo lembramo nos das grandes finais. Porto - Bayerm, Juventus - Dortmund, Manchester - Bayern, Liverpool - Alaves. Tudo o resto, com as condicionantes do controlo do jogo e do ha muito a perder redunda no mesmo. E guarda se bem longe na memória. Continuo a acreditar no regresso do futebol. ;) Um abraço.

Dinis "Sandokan" disse...

Concordo com quase tudo o que é escrito, mas creio que o problema não é dos treinadores. Acho que o problema do Man Utd, equipa que praticou o melhor futebol do ano se deve com fatiga e memória. Se nos recordarmos, a meia-final do ano passado contra o Milan foi muito mais espectacular que a deste ano. Resultado: o Man Utd saíu com vitória curta, chegou a Milão e levou 3. Nesse jogo, depois do 1-0, todos pensaram que a segunda mão iria ser, pelo menos, tão boa quanto a primeira. Mas a condição física dos jogadores não dava para mais, e o Man Utd, inundado por lesões (recordo-me de Vidic e Ferdinand) já não dava para mais. É por isso que este ano vemos o Hargreaves a lateral, o Anderson a fazer a época a meias com o Scholes,o Giggs a fazer outra metade da época a meias com o coreano, etc. Ferguson aprendeu que não tem super-heróis, e já este ano perdeu Rooney e Vidic para a parte decisiva da época. Creio então que o problema não está nos treinadores, mas na quantidade de jogos. E na liga inglesa são quase todos de grande intensidade (não confundir com qualidade), o que, naturalmente deixa os planteis de rastos no fim da época. É por isso que os grandes jogadores das maiores equipas, não raras vezes não conseguem fazer a diferença em finais ou grandes competiçoes como Europeus e Mundiais. Para dar o exemplo, o boi do chinês foi dos que mais jogou na segunda mão em Old Trafford... Por essa razão creio que os treinadores fazem o que podem e a "gestão do plantel" é cada vez mais fundamental para atingir grandes feitos.